Aulas não formais de língua portuguesa buscam criar espaço lúdico para ajudar meninos e meninas na transição escolar da Venezuela para o Brasil
Em Pacaraima, fronteira com a Venezuela, pequenas barracas em ocupações espontâneas se tornam salas de aula para mais de 400 crianças migrantes e refugiadas que foram forçadas a vir ao Brasil com as famílias. Entender e diminuir os impactos na vida de meninos e meninas, que viram o ambiente escolar ser totalmente modificado, figura-se em um grande desafio. Hoje, 8 de setembro, comemora-se o Dia Mundial da Alfabetização, data para relembrar a importância da Educação para o desenvolvimento social, principalmente das crianças. O dia foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco). “Me sinto bem, muito feliz. Aprendo muitas coisas e minha professora diz que sou muito inteligente”, declara o pequeno venezuelano Antonio Luiz. A mãe dele, Jennifer Ortega, acrescenta que as aulas do projeto social ajudaram o filho a desenvolver a língua portuguesa. “As atividades escolares contribuíram para ele melhorar o idioma, assim como as atividades do projeto feitas na Igreja Batista Independente”, fala.
Projeto O Projeto Nazareth é uma iniciativa da Pastoral do Migrante e tem apoio do projeto “Esperança sem Fronteiras”, da ONG Visão Mundial. O objetivo é contribuir, por meio da leitura, pintura, desenhos livres, rodas de conversa, para uma transição leve e lúdica de crianças migrantes e refugiadas da Venezuela para o Brasil. As atividades chegam a seis ocupações espontâneas: Balança, Florestal, Suapi, Macunaíma, Vila Nova e Vila Esperança. Todas localizadas em Pacaraima. “As crianças refugiadas interagem bem nas aulas, elas gostam de aprender músicas em português, e isso facilita o aprendizado na cultura, na língua, de eles serem integrados na nova sociedade. Tudo é um desafio para eles, e, por isso, fazemos esse trabalho, para que na escola formal eles tenham menor impacto dessa mudança”, comenta a pastora Osanir, que atua como professora no projeto. Elian da Silva Melo atuou na Educação por 35 anos. Hoje, aposentada, se dedica ao projeto de alfabetização de crianças migrantes e refugiadas. Para ela, “é um prazer muito grande”, pois tem acompanhado de perto o desenvolvimento de meninos e meninas. Com mais de três décadas de experiência, ela diz estar impressionada com o comprometimento das crianças venezuelanas em aprender. “Ficam ligadas, elas aprendem, copiam, interagem e só falam em português comigo. Elas também me ensinam o espanhol. Quando falo algo errado, elas me corrigem, assim como faço com elas. São crianças elogiadas nas escolas públicas pelo bom português”, afirma.
Assistência O projeto “Esperança sem Fronteiras”, resposta da Visão Mundial em diversos países, incluindo o Brasil, é desenvolvido para dar assistência humanitária a venezuelanos que são forçados a deixar o país, bem como brasileiros em situação de vulnerabilidade. O foco é segurança alimentar e nutrição, educação e proteção infantil, além de outros meios de subsistência, como os cursos profissionalizantes.
Sobre a Visão Mundial A World Vision, conhecida no Brasil como Visão Mundial, é uma organização humanitária dedicada a trabalhar com crianças, famílias e suas comunidades para atingir todo o seu potencial, combatendo as causas da pobreza e da injustiça. A Visão Mundial serve a todas as pessoas, independentemente de religião, raça, etnia ou gênero. A organização está no Brasil desde 1975 atuando por meio de programas e projetos nas áreas de proteção, educação, advocacy e emergência, priorizando crianças e adolescentes que vivem em situações de vulnerabilidades.
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